Nesta segunda-feira 18, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o primeiro anticorpo biespecífico para o tratamento de linfoma difuso de grandes células B recidivo ou refratário (LDGCB), subtipo mais comum de linfomas não Hodgkin-B (LNH-B) e responsável por 30% dos casos de linfomas.
Trata-se do epcoritamabe, de nome comercial Epkinly, tratamento criado por engenharia genética que atua em dois alvos importantes: combate as células cancerígenas diretamente e, ao mesmo tempo, ativa as células T do sistema imunológico, que também passam a combater as células tumorais.
Administrado em doses subcutâneas, o medicamento é indicado para adultos que já receberam duas ou mais linhas de terapias sistêmicas para a doença, pacientes que têm poucas opções de tratamento e um prognóstico pessimista.
“Já faz dez anos que estamos falando em imunoterapia para tumores sólidos, mas em hematologia, não tínhamos isso”, diz Maria Duran, líder médica da oncologia da AbbVie Brasil, farmacêutica responsável pelo anticorpo. “Este é um linfoma com alta mortalidade, frequente e agressivo. Será um impacto importante para pacientes sem suas necessidades atendidas.”
Segundo a especialista, o epcoritamabe estimula o sistema imune para destruir a célula tumoral, tratamento hoje feito com imuno-quimioterapia. “O LDGCB é um tipo agressivo de câncer que cresce rapidamente e pode ser resistente a diferentes tratamentos e a quimioterapia tem objetivos paliativos com sobrevida geral de menos de 1 ano. A sobrevida global é de seis meses com respostas em menos de 20% dos pacientes. A nossa sobrevida é de 18 meses”, explica ela, acrescentando que cerca de 30 a 40% dos pacientes que seguem essa linha de tratamento acabam apresentando doença refratária ou recidivando pós-tratamento.
Nova Esperança
Para aprovar o novo medicamento, a Anvisa se baseou nos resultados do estudo multicêntrico EPCORETM NHL de fase 1 e 2, que avaliou a eficácia e segurança do epcoritamabe em pacientes adultos com a doença. O Brasil faz parte do programa de desenvolvimento da terapia em linfomas com centros de pesquisa em todo o país e foi o primeiro a fazer a liberação na América Latina.
De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), para cada ano do triênio 2020/2022, surgiram cerca de 12 mil novos casos de linfoma não Hodgkin (LNH), dentre eles o LDGCB. “A aprovação no país representa um importante avanço na jornada desse paciente, que hoje enfrenta uma série de necessidades não atendidas”, diz a médica. “É um tratamento com um mecanismo de ação inovador, opção não-quimioterápica, benefícios clínicos substanciais com a conveniência de ser um medicamento pronto para uso, quando esta for a indicação”, finaliza.